20 de fevereiro de 2013

Mãe /Arquitecta

Agora vivo nesta dualidade, ao mesmo tempo que falo sobre conceitos, materiais, e alinhamentos, também embalo, ponho chucha, troco fraldas.
Trabalho por conta própria o que quer dizer que a licença de maternidade não é tão descansada como eu desejaria:
O M. tinha 15 dias e fizemos 60 km para uma reunião onde esteve no início, a dormir dentro do ovinho no chão do atelier onde reunimos, mas depois de ameaçar chorar tive que ser prática , pedir desculpa , pegar no bebé, colocá-lo ao colo e ao mesmo tempo com a outra mão apresentar o projecto no portátil.
Com 3 semanas, fez duas reuniões de obra.
Com um mês já no nosso atelier uma nova reunião para um projecto novo com um cliente novo ( novo como cliente porque já era nosso conhecido), dois dias depois de regressarmos do hospital quando o M. esteve internado, estava eu completamente de rastos , tivemos nova reunião desta vez...em nossa casa , para não termos que nos deslocar até ao atelier.
Obviamente isto acontece porque estes clientes já nos conhecem, sabem que tivemos um bebé e compreendem que neste momento eu tenho que  me dividir em duas: mãe e arquitecta.
Hoje lá fomos nós outra vez, reunião durante o almoço.
Como escrevi no post anterior hoje o M. desde a manhã que esteve "chatinho", resmungão, impaciente, chorava, esperneava, bolsou-se todo depois de estar prontinho a sair! Pensei, ui , ui, isto hoje vai correr bem!!
Entre choros e gritos consegui tomar banho e vestir-me ( já sabia o que ia vestir, porque agora penso sempre na véspera), pintei-me a falar e a cantar para o M. ( às tantas pintei só um olho e pensei...ainda saio de casa assim, porque agora olhar para o espelho é um luxo!).
E lá fomos nós, dei "maminha" antes para que as coisas ficassem mais controladas.
Chegou a cliente, começou tudo a correr muito bem, super concentrada na conversa , até que começo a ver os bracinhos do M. a mexer e uns barulhinhos que me começam a distrair, tento focar-me e sem distrair o meu interlocutor, ponho a chucha que entretanto tinha caído, tento concentrar-me mas ao mesmo tempo começo a pensar onde é que está o Aero-om... tento concentrar-me de novo, seguir a conversa, tentar responder e começo a pensar... vá lá M. ajuda-me aqui que depois a mamã dá-te mimos a dobrar ou então despejo o aero-om inteiro, chucha cai, M. esperneia, peço desculpa e rio-me, volto a colocar a chucha e tento falar com o M. para que acalme... isto parece uma comédia descrito desta maneira, mas na altura não parece tão divertido. 
No fim ele acalma e volto a tentar concentrar-me e volta o meu eu profissional a tentar agarrar a conversa e o cliente.
Faz parte, enquanto o M. não tem creche ( e só vai ter depois dos 6 meses) as coisas acontecem assim e eu divido-me em duas e esforço-me por conseguir que estas duas pessoas que agora me habitam coexistam o mais harmoniosamente possível.
T

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